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PAPO DE OBRA
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Importância do comércio Brasil–Estados Unidos para a construção civil
O Brasil mantém uma relação comercial equilibrada com os Estados Unidos: em 2024, as exportações brasileiras totalizaram cerca de US 40,4 bi e as importações, US 40,7 bi, resultando em um intercâmbio de aproximadamente 12% de tudo que exportamos. Desse total, produtos manufaturados — muitos ligados ao setor industrial e de insumos à construção — correspondem a mais de 78% do valor exportado (Oxford Analytica). Este fluxo influencia diretamente o custo de materiais para o setor imobiliário e construção no Brasil.
Tarifas de Donald Trump dentro dos EUA e repercussões no Brasil
Durante sua segunda presidência, Donald Trump impôs medidas protecionistas drásticas: a tarifa média aplicada nos EUA saltou de 2,5% para cerca de 27% entre janeiro e abril de 2025, e depois recuou para 15,8% em junho . Destacam-se:
Aumento das tarifas de aço e alumínio para 50%;
Tarifa de 25% sobre carros e metais como cobre;
Tarifa universal de 10% sobre todos os produtos importados;
Tarifas “recíprocas” variando por país, baseadas no que eles cobram dos EUA
Essas medidas afetaram diretamente a indústria de construção nos EUA, elevando os custos de materiais em até 10%, conforme empresários do setor preveem . Estimativas apontam que a construção de novas casas nos EUA poderá custar em média US + 9.200 a mais por unidade, pressionando preços e reduzindo vendas (New York Post, Better Homes & Gardens).
Impactos sobre o setor imobiliário e construção nos EUA, e efeito indireto no Brasil
Nos EUA, a construção civil depende fortemente de importações de aço, alumínio, madeira, componentes elétricos e HVAC — muitos produzidos na China, México e Sudeste Asiático . O encarecimento desses produtos trouxe incerteza: empreendedores adiam projetos e revisam contratos, incorporando cláusulas de ajuste de tarifa . Com aumento das taxas de juros e inflação, o mercado imobiliário praticamente parou: lançamentos e vendas novas caíram, com procura voltada a reformas em vez de novas aquisições (Reuters).
Quando os custos sobem no mercado americano, ainda que indiretamente, isso altera o cenário global: maior dólar, inflação global, menor apetite por investimentos e menos demanda por exportações brasileiras de bens de capital e insumos importados para reformas e novos empreendimentos no Brasil (IR Impact, The Rio Times).
Relações entre construção civil e setor imobiliário no Brasil
No Brasil, embora o foco seja mais interno, há ligação direta com o comércio exterior. A alta global dos preços de materiais e logística internacional interfere no custo de projetos brasileiros: matérias-primas, maquinário importado, acabamentos, até revestimentos de pedra natural importada. Com o real mais fraco frente ao dólar — intensificado com saída de capitais — o Brasil enfrenta inflação importada e pressiona a taxa básica de juros, encarecendo crédito para construção e compra de imóveis . Isso reflete em menos lançamentos, preços mais rígidos e encarecimento do investimento em infraestrutura e construção imobiliária.(IR Impact, The Rio Times)
Como o Brasil está lidando com essa situação
Diante das tarifas bilaterais, o governo brasileiro adotou algumas estratégias:
Aprovação de uma Lei de Reciprocidade Comercial, autorizando respostas semelhantes a medidas unilaterais contra produtos e serviços brasileiros (Wikipedia, mgmlaw.com);
Investigação de possíveis queixas na Organização Mundial do Comércio (OMC), buscando espaço para contestação legal (Wikipedia, Oxford Analytica);
Negociações diplomáticas em curso desde abril/maio de 2025 entre Brasil e EUA para buscar acordo tarifário ou isenções específicas (Wikipedia, Oxford Analytica).
Empresas brasileiras também se adaptam:
A fabricante WEG, por exemplo, prevê reduzir impactos da tarifa de 50% deslizando parte de suas exportações via plantas em países terceiros (como México ou Índia), que então atendem ao mercado americano (TIME, Reuters, tileletter.com);
Exportadores de pedra natural enfrentam suspensão de cerca de 60% dos envios ao mercado dos EUA — principalmente do Espírito Santo — e perdas estimadas em USD 40 mi só em julho; Brasília coordena esforços institucionais e diplomáticos para mitigar a situação (tileletter.com);
Exportadores químicos enfrentam cancelamentos de contratos já fechados, especialmente de resinas e fertilizantes — e avaliam ações jurídicas e renegociação de financiamentos (Reuters).
Conexões entre esses setores e impactos globais
A construção civil no Brasil depende de insumos metálicos, equipamentos e acabamento também ligados ao comércio exterior;
O setor imobiliário reage à alta do crédito, inflação importada e custo de construção — que pode refletir até no preço final dos imóveis;
Investidores globais tendem a interromper ou postergar aportes em empreendimentos no Brasil caso percebam instabilidade externa, o que reflete direto na queda de confiança e ritmo de lançamentos imobiliários.
Com base em dados de fontes nacionais e internacionais respeitáveis — como Reuters, The Rio Times, Aranca, Linesight, CMIC Global, Reuters Economia e outras — o panorama mostra-se dinâmico e desafiador para os setores de construção e imóveis no Brasil. A interdependência com o comércio exterior exige acompanhamento constante e medidas estratégicas, tanto governamentais quanto corporativas, para minimizar riscos e manter a competitividade.
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