Trincas em pilares de muros de Divisa: Causas e consequências


Muro com trincas no pilar, sugerindo que a armadura de aço do concreto esteja oxidando
Muro de divisa com infiltração e fissura – indício inicial de patologia

A corrosão das armaduras em muros de divisa é uma das patologias mais recorrentes em edificações, principalmente em áreas urbanas com alta umidade e grande exposição a agentes agressivos. Esse problema compromete não apenas a durabilidade das construções, mas também a sua segurança estrutural e estética.

Em grande parte dos casos, a origem da corrosão precoce está relacionada a falhas no projeto, na execução e, sobretudo, na falta de fiscalização adequada durante a obra.


Causas da Corrosão Prematura

A corrosão ocorre quando a camada de concreto que deveria proteger as armaduras não consegue impedir a penetração de água, cloretos, dióxido de carbono e outros agentes agressivos. Entre os principais fatores estão:

  • Cobrimento Insuficiente
    A espessura da camada de concreto que recobre as armaduras precisa atender às normas técnicas. A ABNT NBR 6118/2014, por exemplo, define valores mínimos conforme o ambiente de exposição. Quando esse cobrimento é reduzido, a proteção contra corrosão é ineficaz.

  • Baixa Qualidade do Concreto
    O concreto com alta relação água/cimento, uso de agregados de má qualidade ou ausência de aditivos inibidores de corrosão torna-se mais poroso, facilitando a penetração de agentes nocivos.

  • Fissuras e Trincas
    Fissuras funcionam como portas de entrada para água e contaminantes, acelerando a deterioração do aço.

  • Falta de Proteção nas Extremidades
    Nos muros de divisa é comum encontrar extremidades expostas sem qualquer tratamento, aumentando a absorção de umidade.


A Realidade da Execução de Obras

Na prática, muitos muros de divisa são executados em condições precárias, sem infraestrutura adequada e sem fiscalização.

Em obras onde ainda não há água encanada ou energia elétrica, é comum ver o concreto sendo preparado manualmente em masseiras no solo. Para facilitar o trabalho com a enxada, a mistura recebe água em excesso — prática que aumenta a relação água/cimento e gera concreto fraco e altamente poroso.

Além disso, o traço muitas vezes é medido de forma empírica, em carrinhos de mão ou baldes, sem padronização técnica. Isso resulta em um concreto pobre em cimento, incapaz de garantir proteção adequada às armaduras.

Outro fator agravante é a ausência de acompanhamento técnico. Sem engenheiro ou mestre de obras qualificado, decisões erradas tornam-se frequentes, aumentando a chance de falhas estruturais.

Mesmo quando o concreto é produzido mecanicamente em betoneiras, a falta de fiscalização ainda leva a problemas, como cobrimento inadequado e dimensionamento incorreto das armaduras de pilares e vigas.

O resultado é um muro com baixa durabilidade, propenso à lixiviação e à corrosão acelerada.


Consequências da Corrosão

Exemplos de corrosão em pilares e vigas – principais consequências da deterioração
Exemplos de corrosão em pilares e vigas – principais consequências da deterioração


Os danos provocados pela corrosão das armaduras se manifestam de diversas formas:

  • Fissuração e Desplacamento
    A expansão do aço corroído gera tensões que abrem fissuras e desprendem a camada de concreto.

  • Perda de Resistência Estrutural
    A redução da seção do aço compromete a capacidade de carga, aumentando o risco de falhas.

  • Danos Estéticos
    Manchas de ferrugem e concreto desplacado prejudicam a aparência da obra, diminuindo seu valor.

  • Aumento nos Custos de Manutenção
    Reparos se tornam constantes, elevando os custos ao longo da vida útil da estrutura.


Prevenção e Controle

Embora a corrosão seja um problema grave, existem medidas eficazes para preveni-la:

  • Garantir cobrimento adequado, conforme normas técnicas.

  • Utilizar concreto de qualidade, com controle rigoroso da relação água/cimento.

  • Aplicar revestimentos protetores e aditivos que aumentem a durabilidade.

  • Realizar inspeções periódicas, identificando precocemente fissuras e sinais de oxidação.


Conclusão

A corrosão das armaduras em muros de divisa é consequência direta da soma entre condições ambientais agressivas, materiais de baixa qualidade e, principalmente, a negligência no processo construtivo.

A conscientização sobre o problema, aliada ao cumprimento das normas técnicas e à presença de fiscalização qualificada, é essencial para aumentar a durabilidade das construções e evitar custos futuros.

Mais do que uma questão estética, a corrosão é um problema estrutural sério que pode ser evitado com planejamento, responsabilidade e boas práticas de execução.



 Duvidas frequentes

1. Pode usar armaduras de filtros de fábricas em pilares?
Não é recomendado. As armaduras utilizadas em estruturas de concreto devem seguir rigorosamente as normas técnicas (como a ABNT NBR 7480, que trata do aço destinado a armaduras). Usar materiais reaproveitados ou não certificados compromete a resistência mecânica e acelera a corrosão, colocando em risco a segurança da estrutura.

2. Por que os muros de divisa apresentam tanta corrosão?
Na maioria das vezes, esses muros são executados sem fiscalização técnica, com concreto de baixa qualidade e cobrimento insuficiente das armaduras. Além disso, ficam expostos diretamente à chuva e à umidade sem proteção adequada, o que acelera a deterioração.

3. Como identificar sinais iniciais de corrosão em muros?
Alguns sinais visíveis são: fissuras longitudinais ou transversais, manchas de ferrugem, desplacamento do reboco e partes de concreto soltando. Esses sintomas indicam que a corrosão já está em andamento.

4. A corrosão em muros de divisa pode comprometer a segurança da edificação?
Sim. Embora muitos muros de divisa não tenham função estrutural principal, eles podem colapsar e causar acidentes. Além disso, em muros que funcionam como contenção, pilares ou apoio de cargas, a corrosão compromete diretamente a estabilidade.

5. Como prolongar a vida útil dos muros de divisa?
Algumas práticas recomendadas são: utilizar concreto bem dosado, garantir cobrimento adequado, aplicar impermeabilizantes ou revestimentos protetores e realizar inspeções periódicas para detectar problemas precocemente.

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