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PAPO DE OBRA
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As manifestações patológicas em edificações são um dos maiores indicadores de falhas construtivas e de degradação estrutural. Entre elas, as fissuras, trincas e rachaduras são as mais comuns — e, ao mesmo tempo, as mais negligenciadas.
Este guia técnico aprofunda conceitos, causas, métodos de diagnóstico, testes de atividade, tratamentos e normas relacionadas ao tema, para que você consiga avaliar corretamente cada situação em campo.
Embora o termo “rachadura” seja muitas vezes utilizado genericamente, cada uma dessas manifestações possui características próprias:
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| Exemplo de fissura em paredes |
Abertura até 0,5 mm
Geralmente superficiais
Não representam risco estrutural imediato
Normalmente ligadas a retração, movimentações higroscópicas ou variações térmicas
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| Exemplo de trinca em parede |
Abertura entre 0,5 mm e 3,0 mm
Já indicam algum nível de movimentação significativa
Podem afetar desempenho do sistema, permitir infiltrações e comprometer durabilidade
Exigem investigação e monitoramento
Demandam intervenção urgente e avaliação de engenheiro estrutural
Podem representar risco à segurança
Classificar corretamente é o primeiro passo para entender a gravidade do problema.
As causas podem estar relacionadas ao projeto, materiais, execução, uso e manutenção. Abaixo, as mais comuns:
Sobrecargas não previstas
Recalques diferenciais
Falhas no dimensionamento estrutural
Movimentações térmicas de grandes proporções
Armaduras insuficientes
Mistura inadequada de argamassas
Cura insuficiente do concreto
Falhas na amarração de alvenarias
Ausência de juntas de dilatação
Uso de materiais de baixa qualidade
Erros de prumo e alinhamento
Detalhamento insuficiente
Ausência de juntas construtivas
Materiais incompatíveis
Falta de previsão de movimentações higroscópicas e térmicas
Variação térmica intensa
Umidade
Ação de ventos
Vibrações contínuas (máquinas, tráfego, ferrovia)
Adaptações feitas sem critério técnico
Sobrecarga em lajes
Ausência de manutenção preventiva
Infiltrações prolongadas
Antes de qualquer intervenção é essencial realizar um diagnóstico completo. Os passos principais são:
Localização
Orientação (vertical, horizontal, diagonal)
Profundidade
Extensão
Material atingido (reboco, alvenaria, concreto estrutural)
Fissura vertical em parede → pode indicar recalque
Fissura horizontal → sobrecarga ou falha na amarração
Fissura inclinada → esforços de cisalhamento
Fissura em forma de “mapa” → retração da argamassa
Fissuras podem indicar patologias específicas:
| Padrão | Indica |
|---|---|
| Fissuras em mapa | retração de argamassa ou cura deficiente |
| Trinca inclinada em vergas | ausência de vergas/contravergas |
| Fissura vertical próxima a pilares | recalque diferencial |
| Trincas horizontais no meio da parede | falta de amarração / deformação |
Determinar se a fissura está ativa é essencial para evitar retrabalho e falhas no reparo.
Mede abertura
Repetido ao longo de semanas ou meses
Registra evolução da abertura
Pequena "placa" de gesso sobre a trinca
Se romper, indica atividade
Simples, barato e eficaz
Monitoramento de maior precisão
Usado em obras e investigações aprofundadas
Em casos mais complexos:
Ultrassom
Esclerometria
Termografia
Radar de penetração (GPR)
Esses ensaios auxiliam na identificação da profundidade e da origem do problema.
O tratamento depende do tipo e severidade da manifestação.
Reparo do revestimento
Aplicação de selantes flexíveis
Nivelamento com massa acrílica ou similar
Repintura com produtos elásticos
Abertura e limpeza da trinca
Preenchimento com argamassa polimérica
Selantes flexíveis de maior desempenho
Reforço pontual da região se necessário
Investigação estrutural obrigatória
Injeção de resina epóxi (se de natureza estrutural e estável)
Reforço estrutural (chapas metálicas, fibras de carbono, grapas estruturais, etc.)
Recuperação com argamassas de alta performance
Acompanhamento técnico
As principais normas que abordam fissuras, trincas e desempenho das edificações são:
Define requisitos de desempenho estrutural, térmico, acústico e de durabilidade
Traz orientações sobre limites de fissuração e durabilidade
Especifica causas e critérios de aceitação de fissuras em revestimentos
Padroniza métodos de inspeção e classificação de anomalias
Define limites e causas estruturais de fissuras
Relacionadas a fissuras causadas por infiltrações
Projeto detalhado e compatibilizado
Execução com controle tecnológico
Uso de juntas de dilatação
Cura adequada do concreto
Escolha correta de argamassas
Fiscalização de obra por profissional habilitado
Manutenção preventiva periódica
Evitar sobrecargas e alterações não projetadas
Não. A grande maioria é superficial, porém somente a classificação correta e uma avaliação estrutural permite saber se há risco.
Sim, se a causa não for eliminada. Por isso o diagnóstico é fundamental.
Interromper o uso do ambiente, isolar a área e chamar um engenheiro civil para avaliação estruturada.
Com monitoramento utilizando régua de fissura ou testemunhos de gesso.
Sim, mas não resolve o problema. O revestimento precisa ser tratado antes da pintura.
Fissuras, trincas e rachaduras não devem ser ignoradas. Uma avaliação técnica aprofundada, associada ao monitoramento adequado, garante segurança, durabilidade e desempenho conforme as normas vigentes — especialmente a NBR 15575, fundamental quando falamos sobre manifestações patológicas.
👉 Artigo completo sobre a NBR 15575: desempenho, requisitos e como aplicar corretamente na prática da construção civil.
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